De Mr. Darcy à assassina fabricada

Depois de grandes sucessos, Joe Wright deu um passo adiante com Hanna (2011), estreando o seu primeiro thriller de ação. O diretor de Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice/2005), Desejo e Reparação (Atonement/2007) e O Solista (The Soloist/2009), vale-se do seu talento de contador de histórias guiadas pela emoção para fazer um filme no qual a personagem central é resultado de um treinamento militar rígido, sendo também transformada em uma assassina quase perfeita.

Hanna (Saoirse Ronan) foi criada pelo pai, Erik Heller (Eric Bana), um ex-agente da CIA, em uma área remota da Finlândia. Nas primeiras cenas, ao vermos a menina com a expressão tão distante, pensamos que se trata somente de melancolia, afinal, ela vive no meio do nada, e o único contato que tem é com seu pai. Porém, não tarda para descobrirmos que, na verdade, Hanna foi treinada para ser assim, o que a ajudaria a executar o plano de assassinar a espiã da CIA, Marissa Wiegler (Cate Blanchett).

O talento de Joe Wright para o drama é o que garante que Hanna não seja mais um filme sobre a criação de soldados/assassinos perfeitos. Quando o plano traçado pelo pai de Hanna para que ela chegue até o seu alvo não sai como previsto, entra em cena a caçada pela menina, liderada por uma Cate Blanchett, como sempre, impecável.

Mais do que uma boa direção, Hanna conta com a interpretação dual de Saoirse, que, em certos momentos, enquanto viaja pela África e pela Europa, enquanto é perseguida por agentes e assassinos, contempla a sua própria humanidade, ao lidar com outras pessoas. A atriz dá credibilidade à personagem, faz com que sintamos empatia por Hanna.

Hanna é um filme com bons ingredientes, que apesar de ter deixado algumas questões em aberto, o que poderia ter sido resolvido com um roteiro melhor trabalhado, consegue alcançar um resultado positivo. O fato de ser um filme que, por conta do seu tema, poderia abusar da violência, mas que a aplica com menor frequência e grande austeridade é resultado de um olhar que contempla a complexidade do ser humano. Joe Wright acertou em cheio.

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