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Mostrando postagens de 2012

Um serial killer em minha vida

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Publicado originalmente no site Crônica do Dia, em  07/11/12 Dexter é um serial killer . Dexter é um serial killer pelo qual as mocinhas se apaixonam. Os mocinhos, esses queriam ter a visão direta de psicopata do Dexter, mas sem a coisa do serial killer de série de televisão pelo qual as mocinhas suspiram ou o emprego de especialista forense em amostras de sangue do departamento de polícia de Miami. Eles querem apenas aprender a aplicar a objetividade de Dexter, o serial killer com código de honra incutido nele pelo pai adotivo que percebeu, logo cedo, quem o filho era, e o ensinou que já que não havia como evitar o desenrolar da história, melhor que Dexter aprendesse a matar somente assassinos que a polícia não consegue prender. Entendido? Dexter é um serial killer . A primeira vez que tentei assistir à série Dexter , não consegui passar de meia hora do episódio. Fiquei extremamente incomodada com a simpatia imediata que senti pelo personagem interpretado por Micha

Não estou mentindo

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Publicado originalmente no site Crônica do Dia, em  15/02/12 Todos por aqui sabem que sou apaixonada por séries... Também. Entram no pacote das telinhas e dos telões as minisséries e os filmes. Porém, ser fã de série de televisão é muito mais do que ser noveleiro, como muitos dizem por aí, porque a novela passa de segunda a sábado, e conseguimos ficar bem sem ela aos domingos, e nem sempre são realmente boas, mas somente uma distração após um dia de trabalho. Porém, as séries contam com um episódio por semana e ainda são por temporadas, ou seja, passamos meses esperando o próximo capítulo, quer dizer, episódio.  No ano passado, descobri que algumas séries, que não me atraíam em nada, eram ótimas pedidas. Isso porque em período de middle season (quando não há episódio inédito da série, durante algumas semanas) e festas de final de ano, não há o que assistir que não seja de repeteco. Foi assim que incluí na minha extensa, porém seleta lista de favoritas, as séries The Tudo

Pina: poesia na tela

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Publicado originalmente no site Crônica do Dia, em  02/05/12 Sim, eu sou fã de carteirinha de Wim Wenders, desde que assisti o belo Asas do Desejo (Der Himmel über Berlin/1987) e descobri que o roteirista e diretor tinha uma visão deveras interessante sobre anjos. Para quem não assistiu a esse filme, saiba que ele não é a versão alemã de Cidade dos Anjos (City of Angels/1998). Na verdade, o americano foi adaptado a partir do alemão, e por mais que eu ache lindo o filme com Nicolas Cage e Meg Ryan, tendo o próprio Wim Wenders como coroteirista, Asas do Desejo é imbatível com a sua poesia e o ritmo que, em determinado momento, é definido pela participação de Nick Cave. Sim, eu sou apaixonada por Wim Wenders, mas ainda assim, não esperava a viagem que fiz ao assistir o seu filme, ainda em cartaz aqui no Brasil. Na verdade, por se tratar de um documentário, eu esperava um filme bem diferente. O que eu não esperava era um poema na tela. Pina (2011) é um filme sob

Sam escolheu suas armas

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Publicado originalmente no site Crônica do Dia, em  06/06/12 "C'mon get up, get dressed The world is spinning Full of kindly beings The one you love will love you back And no-one's spoiling anything Everything's just right It makes you want to fill your lungs and sing And ooh ...You silly pretty little thing" Bob Geldof, da canção Silly Pretty Thing Acordei pensando sobre esse filme que assisti semana passada. Acordei pensando como se o tivesse sonhado, sabe?  Ele tratava da história de um homem que chegou ao fundo poço, aos cafundós do abismo, ao fim do fim da linha por causa das drogas. Então, um dia ele pensou ter matado um homem e decidiu aderir à religião da esposa, que enquanto o marido estava na cadeia, deixou de ser stripper e foi cuidar da vida e da filha.  O mais interessante é que, em determinado momento dessa aceitação de Deus, ele resolveu construir uma igreja que recebesse a todos os que as outras não aceitavam. Po

Eu quero ser Tim Burton!

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Publicado originalmente no site Crônica do Dia, em  30/05/12 “Sabe o que é estranho? É que sempre me achei normal quando era criança. Depois de um tempo,você começa a pensar que é maluco, porque todo mundo te chama assim. Aí os anos passam e você se dá conta de que eles estavam certos, você era louco mesmo.” Tim Burton O que você quer ser quando crescer? Pergunta recorrente na vida de qualquer criança, acaba sempre recebendo respostas sazonais. Há dias em que se quer ser herói, em outros, professor, bombeiro, astronauta, ou colecionador de gibis, filho da mãe e do pai e não de um extraterrestre, porque isso dá medo e afasta os amiguinhos. Não há limites para o que se pode ser quando crescer sendo criança. Eu quis ser muitas coisas quando criança. Apesar de a minha memória infante depender das minhas irmãs para funcionar, lembro-me de duas coisas que queria ser quando crescesse: freira e aconselhadora para apaziguar alma. Crescendo, percebi que as pes

E se a vida é um cabaré...

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Palco é coisa séria, meus caros. Não interessa que seja aquele improvisado no quintal de um apaixonado por arte, na praça principal, nas casas de show ou nos mais importantes teatros da cidade.  O palco da música eu entendo, ainda que seja como quem observa de longe ou apenas ajuda o espetáculo a acontecer, como a pessoa do backstage. Nos palcos improvisados pipocam a diversidade e tantos talentos que melhor mesmo não tomá-los por menos, porque de lá sempre sai grandiosidade. Sobre os palcos dos teatros da cidade, vocês sabem se andam acompanhando meus escritos. Sobre eles eu ando - humilde, porém apaixonadamente – aprendendo. No domingo, fui ao Teatro Procópio Ferreira, aqui em São Paulo, para assistir ao espetáculo Cabaret , a produção brasileira do musical da Broadway. Fui sabendo do que se tratava, porque assisti ao filme que consagrou Liza Minelli. Ainda assim, isso aconteceu há tantos anos que meu olhar para o espetáculo estava desatrelado de expectativas. Fui ao teatr

Sobre paraísos

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Não é uma história de amor... Mas é. Não é uma história sobre drogas... Mas é. Não é uma história sobre música eletrônica... Mas é. Não é somente, porque tudo se mistura. Paraísos Artificiais , primeiro longa de ficção de Marcos Prado, e do qual é roteirista ao lado de Pablo Padilla e Cristiano Gualba, é apresentado como “Uma história de amor e êxtase”, mas acredito que seja mais, apesar do amor que pontua a trama e das muito bem dirigidas cenas de sexo, a maioria com personagens em viagens provocadas pelas drogas. A história é contada entrelaçando três períodos das vidas de Érika (Nathalia Dill) e Nando (Luca Bianchi), ótimos atores que interpretam muito bem os seus papeis. Um deles acontece em paradisíaca praia do nordeste brasileiro, durante um festival de música eletrônica. As pessoas dançam, flertam e usam drogas, algumas por pura diversão e outras, abraçando um quê hippie, estão em busca de uma viagem interior que lhes dê as respostas que procuram. Érika é DJ e faz

A sorte está lançada

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É fato que o tema ‘guerra’ gera ótimos filmes. Porém, não são todos que são bem produzidos, a ponto de não apenas gerarem uma ótima bilheteria, mas também conquistarem a credibilidade destinada somente aos filmes impecáveis, como A pocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola. Há também os filmes que usam a guerra para introduzir uma história de amor, e isso é exatamente o que acontece em Um homem de sorte  (The Lucky One/2012), dirigido por Scott Hicks. Obviamente, estamos falando de mais um filme baseado no livro de um inspirado criador de histórias de amor. Nicholas Sparks se tornou sinônimo de filmes dramáticos e românticos, mas sem apelar para o dramalhão e dando um bom rumo aos clichês que, todos nós sabemos, faz parte da realidade dos apaixonados. E o cinema descobriu que Nicholas Sparks escreve de um jeito para caber nas telas.  Um homem de sorte  é impecável em algo: na fotografia. Não há como não desejar estar naquele lugar, molhar os pés no lago, colocar as f

De cabeça e ouvidos abertos

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Música, como em qualquer setor da nossa vida, depende das escolhas que fazemos. Não há problema algum em você optar por ser aquele que aprecia o estilo que for de música. Problema há quando você se atém à exclusividade, fechando os olhos – e os ouvidos – para o que acontece além daquilo que você decidiu ser o seu único gosto cabível na sua percepção musical. Há muitos músicos talentosos por aí, colaborando com compositores inspirados, ou eles mesmos sendo os compositores de suas obras. Não importa mais o instrumento... O instrumentista também pode ter seu próprio trabalho e composto por suas próprias obras musicais. Com a internet, as opções são tantas que melhor nem mesmo se atrever a contabilizar. E com tantas opções disponíveis, a ideia de exclusividade no gosto, que já era um tanto equivocada, torna-se completamente avessa à liberdade de apreciarmos boa música. É por conta dessa liberdade que podemos conhecer alguns músicos excepcionais, como Renato Martins, percus

Eric McCormack se reinventa em Perception

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Foram 187 episódios em oito temporadas nas quais Debra Missing e Eric McCormack pintaram e bordaram da melhor forma possível, oferecendo uma sitcom de qualidade e humor afiado. Will & Grace foi, e continuará sendo, das melhores. Desvincular-se de Will Truman, o advogado homossexual e suas aventuras com a melhor amiga Grace, uma designer de interiores heterossexual, poderia ser uma aventura das não muito agradáveis, não fosse Eric McCormack um talentoso ator. McCormack, desde o cancelamento de Will & Grace , em 2006, não teve o mesmo destaque que essa série lhe proporcionou, participando de séries como convidado, entre elas Law & Order: Special Victims Unit e The New Adventures of Old Christine , e atuando na série-animação Pound Puppies , entre outros trabalhos. O que realmente faltava a ele era um papel para que pudesse mostrar que não somente de Will Truman vive o talento de Eric McCormack. Perception estreou em julho na tevê americana. Uma produç

A delicadeza de um sonho quase impossível de se realizar

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Penso que quem escreve as chamadas dos cartazes dos filmes que estão no cinema não os assistem, o que é pra lá de errado. Neste caso, "Uma fantástica e charmosa história" e "A comédia romântica do ano". Se quem escreveu isso assistiu ao filme, bom, a pessoa é ruim mesmo na percepção ou está apenas copiando o que o outro disse. Apesar de a própria sinopse do filme tratá-lo como comédia, eu realmente não consigo concordar com isso. Há romance, há drama, há humor, mas não se trata de uma comédia. Quem for ao cinema não encontrará a comédia prometida. Na verdade, os momentos dedicados à serventia do sentido cômico são os que em nada me agradam. Amor impossível já é um título em português lamentável e não define o filme. O original, em tradução livre, é A pesca do salmão no Iêmen . Ok, trata-se de um título nada sedutor, mas não só de obviedades vive uma obra. Esta é baseada no livro homônimo de Paul Torday. Nesta história, o salmão é tão importante qua

As recompensas de Kléber Albuquerque

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Pessoas! O querido amigo e compositor-poeta, que eu adoro, Kléber Albuquerque, iniciou uma campanha de crowdfunding para o seu novo disco. Quem puder, assista ao vídeo e colabore. A música dele merece, e acho que quem pode mesmo sair ganhando nessa somos nós, porque precisamos fazer circular a boa música para fazer bem é para a nossa alma. Página da campanha https://www.facebook.com/pages/Kl%C3%A9ber-Albuquerque/73371563561?sk=app_291608934212293

Selton Mello | Uma das minhas pessoas preferidas

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Selton Mello é uma das minhas pessoas preferidas. A sua transição das novelas para o cinema foi um ganho e tanto para a cultura brasileira. Nada contra as novelas, aliás, eu sou noveleira assumida. E não que ele tenha abandonado a televisão, até porque algumas das melhores séries brasileiras têm sido protagonizadas por ele. Porém, a série está mais para o cinema do que para o folhetim. O que venho observando com admiração é o crescimento dessa uma pessoa das minhas preferidas. Um ótimo ator ele já se mostrou em tantos anos de carreira. Há nele (personagem-pessoa ou pessoa-personagem?) uma melancolia que na comédia incrementa e no drama alimenta sutilezas, e tais entretons seduzem o espectador, dão credibilidade aos personagens. Só que Selton Mello é mais do que um ator de primeira. Ele também vem se mostrando um diretor com um olhar atento, capaz de contar histórias em uma cadência própria, aproximando o espectador do personagem. Feliz Natal (2008), seu primeiro longa co

Super mãe!

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Voltei ao Teatro Gazeta - que é um lugar muito acolhedor - para assistir a comédia  Como se tornar uma super mãe em 10 lições . Com texto de Paul Fuke, baseado na obra de Dan Dreenburg, e tradução de Clara Carvalho, através das lembranças de Daniel é construída a história sobre uma típica família judia, destacando a influência da mãe na formação do homem que ele se tornou. Isso é mostrado logo no início, quando ele interrompe sua palestra, no dia em que recebe um importante prêmio, para desfiar uma série de satisfações aos questionamentos cotidianos da mãe, que se encontra no auditório. É então que ele decide revelar ao público como se tornara o homem ali presente, tendo sido criado por uma mãe judia. Danton Mello conduz Daniel como um adulto que ainda é um menino aos olhos da mãe. Nós sabemos que os pais costumam tratar seus filhos como eternos pimpolhos, mas há um limite que essa mãe se esqueceu de enxergar. E com todos os exageros, o drama, a manipulação por meio da culpa, A

Like Crazy

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Publicado originalmente no site Crônica do Dia , em  20/06/12 Vivemos em processo de idealização e desapontamento. Não há como negar que, sempre que possível, criamos versões para desfechos sobre os quais não temos qualquer poder de mudança, esperando sempre pelo melhor para nós mesmos e para quem amamos. Não acho isso errado, contanto que saibamos lidar com os possíveis – e frequentes – resultados diferentes e, às vezes, até mesmo contrários aos esperados. É preciso saber desapontar-se. Like Crazy (2011) aborda bem o tema da idealização, mas de uma forma quase hipnótica, porque, neste caso, o idealizado aconteceu, mas se perdeu nos acontecimentos. No filme, uma jovem britânica conhece um jovem americano em uma faculdade em Los Angeles, nos Estados Unidos. Eles se apaixonam, ficam juntos durante o tempo que resta da faculdade e então o visto dela expira. Ela tem de voltar para a Inglaterra para fazer a renovação, mas vislumbrando o tempo que teria de ficar longe

Se você me der a mão

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Para mim, o teatro tem se tornado cada vez mais fascinante. A cada espetáculo que assisto, percebo a grandiosidade de se tomar conta de um palco, sem direito a refazer cena ou edição, como no cinema e na televisão. No teatro, as coisas acontecem, o público responde, os atores se inspiram nessa resposta e as atuações acontecem espontâneas. Sabe quando escutamos alguém contar bem uma boa história, e enquanto isso acontece, nós inventamos as cenas nas nossas cabeças? Teatro é mágico assim. Vem da imaginação do autor do texto, da entrega do ator, da forma como o cenário se encaixa na história e por aí vai. Ontem eu fui ao teatro Gazeta, aqui em São Paulo, assistir ao espetáculo Se você me der a mão . A história gira em torno da relação da mãe, Dulce (Tássia Camargo), com a filha, Denise Maria (Priscilla Squeff). Durante um determinado período - que envolve o encontro após anos, já que Denise Maria mora fora do Brasil, a reconciliação entre elas, apesar da mágoa da filha por det

Mavis Gary indigesta, mas interessante

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Esse é o típico caso em que sinopse e trailer não conseguem transmitir realmente o assunto abordado em um filme. Na verdade, é o caso em que se tenta vender gato por lebre, o que se mostra completamente desnecessário, já que Jovens Adultos (Young Adult/2011) conta com Charlize Theron, uma atriz de talento inquestionável; Diablo Cody, roteirista que levou o Oscar já no primeiro trabalho com o celebrado Juno (2007) e com Jason Reitman, um diretor que, além de dirigir, foi roteirista e produtor do impecável Amor Sem Escalas  (Up in the Air/2009). Apenas com tais referências, muitos de nós arriscaríamos assistir ao filme. Entretanto, como sucesso em bilheteria é determinante na indústria cinematográfica, e não há tempo a se perder com o “talvez”, o marketing às vezes acaba engolindo o filme. Compreendo que bons profissionais nem sempre garantem bilheteria e constatamos isso com frequência ao vermos grandes filmes saírem de cartaz por falta de quem os assista. E que nessa hora