Querido Mundo

Lembro-me bem da primeira vez em que assisti ao espetáculo Querido Mundo. Foi num sábado, na companhia e a convite de um casal de amigos, no Teatro Gazeta, em São Paulo. Dia 08 de abril de 2006.

Até esse dia, eu assistira apenas a dois espetáculos teatrais na minha vida. Um deles foi na época ginásio, para um trabalho de escola. Era uma peça com o Antonio Fagundes, mas não me lembro do conteúdo, tampouco do título. Acho que, nesse dia, eu estava distraída demais para as revelações. O outro foi Oeste , com Fábio Assunção e Otávio Muller. Enfim, eu era uma analfabeta no assunto.

Fato é que esse primeiro passeio meu pelo Querido Mundo de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, tão belamente construído por Maximiliana Reis e Jarbas Homem de Mello, e dirigido por Rubens Ewald Filho, foi o meu despertar para a arte de se contar histórias no teatro. Desde então, minha atenção a essa linguagem artística é outra, muito mais aguçada, assanhada até, assim como a curiosidade sobre a arquitetura dos espetáculos, onde nascem os temas, quando, com que roupas, quais adaptações, quais olhares, os tons, os silêncios. Palavras, pessoas, palco, cenografia, figurino, e por aí vai.



Querido Mundo conta a história do encontro entre Elza (Maximiliana Reis) e Osvaldo (Jarbas Homem de Mello), vizinhos que acabam confinados um à presença do outro, por conta de um acidente provocado por Gilberto, marido de Elza.

A sala da casa de Elza se torna o cenário dessa comédia sobre pessoas que, apesar de viverem tragédias pessoais das mais diversas, ainda olham a vida com bons olhos. É justamente essa tenacidade - senão teimosia - em sobreviver aos descasos e desafetos, que tornam esses personagens tão profundos na simplicidade de suas biografias.

Na verdade, o tom da comédia apenas nos remete ao que o brasileiro faz de melhor: levanta, sacode a poeira e, ainda que demore um pouco, dá a volta por cima. E se público gargalha diante do desajeito de Elza ao desfiar o fim já ancestral de seu casamento, ou observando os tiques de um Osvaldo perdido nos reprises de cenas de um relacionamento falido, não significa que não compreenda o peso dos seus infortúnios. Fica claro que Elza e Osvaldo são sobreviventes de si mesmos, das suas escolhas e das que a vida lhes impôs, em contrapartida. E essa mesma faceta burlesca é que aponta para o que mais emociona na história deles: o reconhecimento de um no outro. O cultivo de um afeto capaz de tirá-los da solidão, até então, assistida pelos seus companheiros.



Querido Mundo é um ótimo espetáculo e inspirador pela combinação de texto muito bem escrito e atuações prestigiosas de Maximiliana e Jarbas. É um convite para que o espectador compreenda que, na dor ou na alegria, a vida anseia por mudanças.

As pessoas anseiam por elas.


Querido Mundo
A partir de 13 de março de 2009
Curta temporada

Teatro Gazeta
Av. Paulista, 900 –Térreo
Próximo ao metrô Trianon-Masp (São Paulo)
www.teatrogazeta.com.br

Sexta: 21h30
Sábados: 20h
Domingos: 18h
50% de desconto para estudantes, aposentados e cliente Porto Seguro.

Maiores informações:11.3253.4102 / 3251.2327


Site oficial: www.queridomundo.com.br

Imagens: reprodução

Comentários

Maravilha tudo por aqui, adorei. Indicarei nas minhas páginas, aguarde.
Beijabrações
www.luizalbertomachado.com.br
Carla Dias disse…
Obrigada pela visita, Luiz Alberto!
Beijos e seja sempre bem-vindo.